Em muitas propriedades rurais da agricultura familiar, parte da renda tem origem da atividade da agroindustrialização. E um dos segredos para um empreendimento familiar dar certo é o trabalho conjunto. Nesse aspecto, a queijaria Bolson & Camêlo é um exemplo.
Localizada no distrito de Vila Oliva, interior de Caxias do Sul, o funcionamento da agroindústria conta com trabalho desenvolvido pelos membros da família, desde o plantio da alimentação para o rebanho até a fabricação dos queijos.
Tudo começou em 2006, quando Marta Bolson e Marcelo Camêlo compraram as primeiras vacas de leite para produzir queijo. Poucos anos depois, a produção pecuária foi desativada, mas foi retomada em 2013, com o registro de Queijaria Bolson & Camêlo.
“Fomos evoluindo aos poucos. Começamos com um tanque para 250 litros de leite. Hoje estamos com dois tanques que têm capacidade para armazenar 1,4 mil litros/dia”, entusiasma-se Marta.
Na propriedade de 40 hectares de área, a família mantém um rebanho com 43 vacas das raças holandesa, jersey e mista. A agroindústria familiar tem capacidade de produção de até 140 quilos/dia de queijo e o excedente de leite (cerca de 15 mil litros/mês) é entregue para a Cooperativa Piá, de Nova Petrópolis.
“Ter a Cooperativa Piá como parceira nos garante assistência técnica, plano de saúde e outros benefícios que são necessários para o bom andamento do empreendimento”, afirma Marcelo.
O capricho e as boas práticas com tudo o que é produzido nas terras dos Camêlo, desde a criação dos terneiros, a alimentação das vacas, a ordenha, o processamento e a maturação dos queijos, possibilitou várias certificações à queijaria.
Foi a primeira propriedade de Caxias do Sul certificada pelo Departamento de Defesa Agropecurária do Rio Grande do Sul com animais livres das doenças tuberculose e brucelose. Também é uma das poucas queijarias da região a conseguir o selo do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI), que garante a qualidade e permite a comercialização dos produtos em todo o território nacional.
“Tudo foi conquistado com muito suor, com muito debate”, enfatiza Marta.
Hoje, são fabricados os queijos colonial, serrano e temperados, que são vendidos em vários estabelecimentos do Estado e feiras da região, como o Ponto da Safra, no centro de Caxias do Sul.
Dos três filhos do casal, Isadora, é a do meio e tem o espírito empreendedor da mãe. “Amo isso aqui”. Ela é estudante da EFASERRA, onde ingressou em 2020. Com o aprendizado na Escola e as práticas na propriedade, projeta ajudar a comandar a queijaria da família assim que terminar os estudos.
“É o que me motiva a querer aprender mais e mais”, aponta a jovem de sorriso largo e que esbanja alegria.
Na propriedade dos Camêlo, o envolvimento dos integrantes da família é fundamental para o processo funcionar. Todos sabem fazer tudo, mas há algumas tarefas definidas. Marcelo e o filho mais velho Pedro, por exemplo, se dedicam mais ao plantio do pasto e à ordenha. Marta é responsável pela produção e armazenamento dos produtos. Isadora gosta de buscar conhecimento sobre tudo o que acontece na propriedade.
Nas horas de folga dos estudos, dá atenção ao bem-estar dos animais. Para aperfeiçoar as técnicas já utilizadas pela família, ela aprimora o conhecimento participando de oficinas de formação na Escola, como a de Bioclimatologia agropecuária, do projeto Juventudes e saberes – Alternância que constrói.
“Aqui na propriedade, elas (as vacas) são bem alimentadas, vivem livres no campo e, à noite, dormem em camas de palha bem fofas. Vaquinhas felizes garantem mais qualidade aos produtos”, ensina a jovem.
Conteúdo produzido para publicação do projeto Juventudes e Saberes: Alternância que constrói, idealizado pela EFASERRA e viabilizado por meio do Termo de Colaboração FPE Nº 2564/2019, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR).
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