Em Protásio Alves, na Serra Gaúcha, encontramos mais um exemplo que mostra o potencial junto ao sistema cooperativista que realiza a agroindustrialização da produção agropecuária. A família Stella, que tem propriedade a poucos quilômetros do centro da cidade mantém, numa área de 16 hectares, cerca de 30 vacas, que produzem uma média diária de 900 litros de leite. Todo o produto é encaminhado para industrialização na Cooperativa Santa Clara, em Carlos Barbosa, da qual a família é cooperada.
Rafael, juntamente com a esposa, Daiane, o pai Otacílio, e os sobrinhos Dioni e Ione Castanha, comanda a propriedade familiar. Incentivados pelo tio e pelo avô, os dois jovens frequentam a EFASERRA. A partir de suas vivências, trocam experiências com colegas e monitores e aprimoram as técnicas utilizadas na propriedade.
As terras da família foram herdadas do avô de Rafael, Júlio, e as primeiras vaquinhas foram adquiridas em 2004. Três anos mais tarde, depois de ter se formado em técnico agrícola e realizar estágio em Mato Grosso do Sul, Rafael retornou a Protásio Alves e apostou na produção de leite. Adquiriu animais, investiu na infraestrutura e na genética das vacas. “Tudo era muito precário. Utilizamos um galpão antigo para iniciar a atividade, nem carro tínhamos. Mesmo assim, persistimos na tarefa”, relata Rafael.
O aumento na produção de leite e a profissionalização da atividade começaram a acontecer em 2013, com a aquisição de mais vacas das raças jersey e holandesa e novos investimentos na produção.
Há dois anos, a família construiu um grande galpão, foi melhorando as instalações, com implantação de sistemas compost barn, de aspersão e ventilação, propiciando o bem-estar aos animais. Para melhorar a infraestrutura da propriedade, também foi implantado sistema de energia solar.
Com isso, a renda aumentou e a família Stella já pensa em dobrar a produção de leite com investimentos em tecnologia. A possibilidade de adquirir ordenha robotizada, por exemplo, deixou de ser um sonho e passou a fazer parte dos planos da família.
“Percebemos que investir na qualidade do produto, significa mais produção e rendimentos. E, com menos trabalho braçal, melhoramos nossa qualidade de vida”, justifica Rafael.
“A Escola nos ensina muito”
Para profissionalizar é necessário conhecimento. Aos poucos, o sonho de Dioni de ser caminhoneiro vai sendo substituído pelo de ser um produtor de leite. Para isso, frequenta a EFASERRA desde 2019. “A Escola nos ensina muito, aprendemos como melhorar a qualidade do produto, sobre as doenças dos animais e do solo onde é cultivado o pasto. Eu asseguro que o que aprendemos é fundamental para a atividade render e dar certo”, garante Dioni.
Os ensinamentos na Escola, aliados às vivências proporcionadas em visitas técnicas realizadas no projeto Juventudes e saberes – Alternância que constrói, aproximaram os conhecimentos teóricos à realidade do estudante. Ao conhecer a experiência da família Scherer, em Brochier, durante visita técnica, Dioni deu atenção ao processo de reaproveitamento dos dejetos de suínos para geração de biofertilizante utilizado na adubação da plantação de milho.
“É uma ideia viável para nossa propriedade”, observa o jovem, que já compartilhou com os familiares a sugestão de implantar esse recurso.
A irmã, Ione, ingressou na EFASERRA em 2020. “Meu sonho era ser professora, mas depois que comecei a estudar na EFA, já pensei na possibilidade de cursar Agronomia e ter minha própria empresa no campo”, diz.
Dioni e Ione entenderam que planejar e profissionalizar a atividade do campo são cruciais para que o processo de produção seja rentável. “Podemos, sim, ganhar nosso próprio dinheiro e viver no interior”, salientam os jovens.
Conteúdo produzido para publicação do projeto Juventudes e Saberes: Alternância que constrói, idealizado pela EFASERRA e viabilizado por meio do Termo de Colaboração FPE Nº 2564/2019, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR).