Uma Escola para
JOVENS DO CAMPO
Aqui, o ensino e a aprendizagem têm como base a Pedagogia da Alternância, que alia a teoria à prática na agropecuária.
Inscreva-se AquiEM DESTAQUE
Notícias
Estudantes do primeiro ano compartilham pratos típicos de cada família
A atividade fez parte de estudos sobre “Soberania, Segurança e Autonomia Alimentar”
Estude na EFASERRA: últimos dias para inscrições
Escola recebe inscrições até o dia 18 de novembro para Ensino Médio e Técnico em Agropecuária. Os estudantes matriculados também têm a oportunidade de participar do Jovem Aprendiz
Disciplinas de Cooperativismo e Agroecologia levam jovens a Nova Petrópolis
Em visita técnica, estudantes do primeiro ano estiveram na Casa Cooperativa e no Sítio Grünes Paradies
Estudantes de segundo e primeiro ano participam de Jogos Interséries
Equipes competiram em jogos de futsal masculino
Cooperativa Escolar COOPEFA elege nova diretoria
Conheça os integrantes dos conselhos de Administração e Fiscal
EFASERRA
E SEU POTENCIAL
A EFASERRA é uma escola privada, de caráter comunitário e de educação do campo. Foi fundada e é mantida pela Associação de Agricultores AEFASERRA - Associação Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha. Tem como objetivo promover a formação integral dos jovens e o desenvolvimento do meio onde estão inseridos, além de formar uma consciência coletiva sobre a situação de seu próprio ambiente.
MAIS SOBRE A EFASERRAQUEM FAZ NOSSA
HISTÓRIA
Família da estudante Kertlin Haas
Brochier
Vida longa aos orgânicos
No pequeno município de Brochier, no Vale do Caí, vive a família Haas. Na propriedade, o casal Ivan Luis, e Márcia Cristina, e os filhos Kelvin, e Kertlin, cultivam citros, figos e morangos. Por ano, colhem, em média, 45 mil quilos de frutas. Tudo orgânico. “Nunca usei químicos. É um estado de espírito, de conscientização, de não querer que o nosso consumidor adoeça”, ressalta Ivan.
De fala mansa, ele recorda a história que o fez ter certeza que o futuro da alimentação está nos orgânicos: “Há muitos anos, visitei uma lavoura convencional de maracujá. O proprietário tratava as plantas com vários tipos de inseticidas e dizia que sem eles nada se salvava. Na segunda vez em que estive lá, ele (o dono da propriedade) já não conseguia participar de todas as atividades na lavoura. Na terceira, tinha sido hospitalizado e não tinha mais força para trabalhar. A cena me assustou e tive certeza que não queria isso para minha família e nem para quem consome”.
Essa convicção também tem a esposa, Márcia. “Hoje, dormimos com a consciência tranquila. Comemos com segurança e sabemos que estamos fazendo acoisa certa”. E complementa: “Não abro mão disso e não troco essa vida por nada”.
O mercado de orgânicos expande a cada ano. Em 2019, cresceu 15% no Brasil, segundo o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis). O Rio Grande do Sul segue o movimento nacional. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), 4,1 mil das 27,9 mil unidades de produção de orgânicos do Brasil estão em território gaúcho. O Estado ainda tem 3,3 mil dos 22 mil produtores brasileiros certificados. Nos últimos sete anos, a expansão chega a 183% no número de unidades e 280% no de agricultores registrados.
Os filhos do casal Haas seguem os passos do pai. Kertlin ingressou em 2020 na EFASERRA e se prepara para dar continuidade ao legado da família. “Estou aprendendo muito e os professores da Escola me estimulam a continuar produzindo sem agrotóxicos”, conta.
São experiências como a da oficina de formação sobre Manejo e conservação do solo, do projeto Juventude e saberes – Alternância que constrói, que permitem à jovem compreender mais sobre agroecologia e agrofloresta. Na prática, a importância do solo como um organismo vivo e dinâmico Kertlin observou durante a visita técnica ao Sítio Grünes Paradies, que mantém produção em sistema agroecológico e de agrofloresta, em Nova Petrópolis. No local, foi possível conhecer práticas como cobertura de solo com material seco e triturado, adubação verde, reciclagem de nutrientes, importância da diversidade de plantas de cobertura de solo, além de consórcio de culturas realizadas para a produção de alimentos ecológicos.
Na lavoura da família Haas, os dois filhos acompanham os diferentes processos e também aprimoram conhecimentos com a experiência dos pais. “Hoje, gosto mais de colher e embalar os morangos”, afirma Kertlin. O filho mais velho, Kelvin, já planeja construir sua residência na propriedade, para permanecer por perto. “Meu foco são os morangos orgânicos”, diz.
Assim como nos jardins da casa, o capricho na produção das frutinhas vermelhas é percebido logo na entrada das estufas. As 6 mil mudas de morangos são cultivadas no sistema hidropônico com substrato, plantados em calhas de madeira.
Além do morangueiro, a safra de frutas na propriedade dos Haas rende 30 mil quilos de laranjas, 10 mil de bergamotas e 2,5 mil de figos. “Os custos continuam sendo altos, pois o cultivo é à base de produtos naturais, sem componentes agressivos ao meio ambiente e aos seres vivos. Mas os benefícios também são elevados e compensam qualquer investimento e esforço”, sinaliza o dono da propriedade, que conta com selo de certificação de produção orgânica da Ecocert.
A organização por meio do associativismo leva os cultivos da família para serem comercializados em feiras de orgânicos na grande Porto Alegre, com o apoio da Associação de Produtores Ecologistas Companheiros da Natureza, em Pareci Novo, no Vale do Caí. “Entre os produtores, compartilhamos ideias e muito conhecimento. Além disso, diluímos as despesas e comercializamos frutas o ano todo”, explica Ivan sobre o envolvimento da família com a associação, que congrega 10 famílias e mantém produção orgânica em 220 hectares, principalmente citricultores.
É o associativismo mostrando que a união só traz benefícios e que é o caminho para o crescimento coletivo.
Conteúdo produzido para publicação do projeto Juventudes e Saberes: Alternância que constrói, idealizado pela EFASERRA e viabilizado por meio do Termo de Colaboração FPE Nº 2564/2019, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR).
Família da estudante Cristiane Palmeira Daros
São Francisco de Paula
Ousadia de uma jovem agricultora
Cristiane Palmeira Daros é menina inquieta. No interior de São Francisco de Paula, ela mora com os pais e a irmã. A localidade se chama Campestre do Tigre e foi onde a jovem agricultora decidiu ousar junto com a sua família: mudar de convencional para orgânico o plantio de uvas da variedade bordô que a família vinha mantendo.
Foi o conhecimento que a garota obteve no primeiro ano de EFASERRA, em 2017, que a fez bater um papo cabeça com os pais. Aliás, a rotina e os rumos da propriedade são sempre motivo de conversa na casa dos Palmeira Daros.
Por isso, não foi surpresa a mudança de sistema de cultivo das uvas receber a concordância do pai, Suzeni de Vargas Daros, e da mãe, Seloni Palmeira Daros, e também o apoio da irmã Aline.
Tudo se iniciou quando Cris precisou pensar em seu Projeto Profissional do Jovem (PPJ), trabalho exigido para conclusão do Ensino Médio e Curso de Técnico em Agropecuária na EFASERRA. Foi aí que a estudante imaginou o cultivo de orgânicos em toda a propriedade. A ideia era não ter seu trabalho final ligado a agrotóxico, ainda mais porque o pai não usava muitos químicos.
Com o passar do tempo, a partir do aprendizado nas aulas, conheceu mais sobre a importância de alimento saudável para os consumidores. Os saberes do Jovem Aprendiz, programa que cursou nos dois primeiros anos na Escola, também ajudaram com esclarecimentos, pois foi a primeira turma de Jovem Aprendiz Cooperativo do Campo.
Hoje, Cristiane participa de toda a rotina da propriedade, do plantio ao investimento financeiro. No caso das videiras orgânicas, na primeira colheita, veio uma caixa de uva, apenas. Mas a cada ano aumentou e, na safra 2020/2021, são previstas 50 toneladas de uva orgânica.
O pai conta que sempre ouviu que ecológico não daria certo. Mas, depois que a filha ingressou na EFASERRA, aprendeu instruções técnicas com ela e viu que o que diziam era mito. Plantio de orgânicos dá certo e ainda gera mais saúde. Sem contar que a uva orgânica tem mais valor agregado.
Atualmente, tudo o que é produzido nos 2,5 hectares de parreiral da família tem um destino: elaboração de suco na Cooperativa Agroindustrial Nova Aliança, em Flores da Cunha. Segundo o pai Suzeni, a transição ocorreu de maneira tranquila. Em termos de assistência técnica, a cooperativa forneceu todo acompanhamento, além da assessoria para a certificação orgânica. A propriedade dos Palmeira Daros é a primeira da comunidade de Campestre do Tigre, em São Francisco de Paula, a receber a certificação de produção de uva orgânica.
Diante do suco envasado pela cooperativa e as garrafas dispostas nas prateleiras dos mercados, Cristiane diz que a sensação é de felicidade e satisfação. “Sinto-me feliz conseguindo elaborar um produto que não vai causar problemas de saúde a quem o consumir. Minha uva está aqui. Aqui tem minha uva, um produto de qualidade, que é valorizado”, comemora a jovem.
Questionada se trocaria o campo pela zona urbana, a estudante acredita que não se acostumaria a viver em cidade grande, já que tem uma terra para chamar de sua. “Gosto do campo”, diz ela, que vai se formar como técnica em agropecuária em 2021.
A família mora nos Campos de Cima da Serra há 22 anos. Os pais relatam que, quando as meninas eram pequenas, havia criação de gado e era tradição na família destinar alguns dos animais aos netos. Por ser a primeira neta, Cristiane ganhou várias cabeças. Só que, quando ela chegou aos cinco anos e a irmã era bebê, o pai vendeu todo o gado para iniciar o parreiral. Assim, as garotinhas passaram a não ter mais gado, mas ganharam 0,6 hectare de videiras, entre as duas. Desde criança, Cristiane recebia dinheiro da produção que havia herdado. E, desde sempre, conversa em casa sobre a situação econômica da família, o que a move a planejar o futuro e a tomar decisões quando os assuntos lhe inquietam e instigam a inovar, como fez, transformando os parreirais em renda ainda maior do que já recebiam.
Conteúdo produzido para publicação do projeto Juventudes e Saberes: Alternância que constrói, idealizado pela EFASERRA e viabilizado por meio do Termo de Colaboração FPE Nº 2564/2019, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR).
Família do estudante Artur Bonatto Cantele
São Luiz da Sexta Légua - Caxias do Sul
Radicci e tomate perto da gente
A 15 minutos do centro da cidade de Caxias do Sul, em meio ao barulho de carros, motos e caminhões, surge uma área incomum ao cenário urbano: uma grande horta coberta, que produz centenas de pés de alface, radicci, rúcula, tomates e os mais variados tipos de temperos e flores.
Há 20 anos, a família Bonatto se dedica ao plantio de hortaliças em uma área de 2.600 m², ao lado da residência, na rua Padre Ângelo Tronca, hoje uma das vias mais movimentadas do bairro São Luiz da Sexta Légua. A safra de hortaliças cresce dentro de estufas onde recebem todos os insumos necessários para a fase de desenvolvimento das plantas.
Perto dali, em outra área, rosas, palmas, cravos e copos de leite colorem os canteiros. É a produção de flores que encanta quem se aproxima. Seu Raimundo e dona Ana Romilda, esbanjam saúde e energia para cuidar da produção. Tanto de hortaliças, como de flores.
“Há menos de duas décadas, aqui era tudo mata. Começamos a plantar para manter os terrenos limpos. Agora, as casas, prédios e empresas tomaram conta, mas ainda mantemos nosso ‘oásis’ ”, relata seu Raimundo.
Nem mesmo as altas temperaturas dentro das coberturas de plástico preocupam o casal. Trabalhamos de manhã cedo quando ainda é bem fresquinho”, explica dona Ana, com um largo sorriso.
O neto Artur, acompanha tudo atentamente e dá sugestões para melhorar o plantio por meio das técnicas que aprende nas aulas da EFASERRA, que frequenta desde o início de 2019.
“Tudo o que aprendo lá (na Escola) procuro sugerir para aplicar nas propriedades da família”, diz o jovem.
Além das hortaliças e temperos, Artur também coloca em prática o conhecimento técnico na fruticultura. Aliás, estudar e lidar com esse cultivo o motivam ainda mais a permanecer na agricultura familiar. Em outras duas propriedades no interior de Caxias do Sul, nas comunidades Caravaggio da 6ª Légua e São José, junto com o pai Jocelei Cantele e a mãe Adriana Bonatto, cuidam da produção de pêssego, caqui e ameixa. Por ano, em média, são colhidas cerca de 250 toneladas de frutas.
Nas oficinas de formação e visitas técnicas promovidas pelo projeto Juventude e saberes – Alternância que constrói, o estudante obteve novos aprendizados de práticas e ideias. Algumas são semelhantes às que a família aplica na produção de frutas, como o uso de tela antigranizo e irrigação por gotejamento. Mas outras foram novidade, como o funcionamento de uma estação meteorológica dentro do pomar, para controle de temperatura atmosférica e do solo, de umidade, de incidência de luz solar, molhamento foliar, velocidade do vento, horas de frio e acionamento automático de sistema de irrigação por aspersão sobre as frutíferas em noites mais frias, protegendo as frutas e as folhas dos danos que podem ser causados pela geada. Essa tecnologia está em operação na propriedade da família Palandi, em Caxias do Sul, visitada pelos alunos da Escola. O jovem agricultor, que pensa em fazer novos cursos técnicos para aperfeiçoar o conhecimento no assunto, demonstra seu maior interesse na fruticultura. “Gosto de ver o resultado da safra. Já na classificação das frutas, por exemplo, dá para perceber se a colheita foi boa. Também gosto de saber o preço que será pago. Meu foco é a fruticultura”, enfatiza.
CAAF ajuda a potencializar as vendas
Também nesta propriedade familiar, o cooperativismo se apresenta como uma maneira de organizar a produção e a comercialização dos seus produtos. Boa parte da produção das famílias Bonatto e Cantele é entregue na Cooperativa de Agricultores e Agroindústrias Familiares de Caxias do Sul (CAAF), formada por pequenos agricultores familiares da região (produtores de hortaliças, frutas e agroindustrializados). Adriana representa a família na administração da cooperativa, assumindo um cargo na diretoria. Por meio da CAAF, os alimentos da família são distribuídos, principalmente, em instituições nas áreas da saúde e educação de Caxias e da região metropolitana de Porto Alegre.
Conteúdo produzido para publicação do projeto Juventudes e Saberes: Alternância que constrói, idealizado pela EFASERRA e viabilizado por meio do Termo de Colaboração FPE Nº 2564/2019, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR
Família dos estudantes Dioni e Ione Castanha
Protásio Alves
Empenho na criação de gado leiteiro
Em Protásio Alves, na Serra Gaúcha, encontramos mais um exemplo que mostra o potencial junto ao sistema cooperativista que realiza a agroindustrialização da produção agropecuária. A família Stella, que tem propriedade a poucos quilômetros do centro da cidade mantém, numa área de 16 hectares, cerca de 30 vacas, que produzem uma média diária de 900 litros de leite. Todo o produto é encaminhado para industrialização na Cooperativa Santa Clara, em Carlos Barbosa, da qual a família é cooperada.
Rafael, juntamente com a esposa, Daiane, o pai Otacílio, e os sobrinhos Dioni e Ione Castanha, comanda a propriedade familiar. Incentivados pelo tio e pelo avô, os dois jovens frequentam a EFASERRA. A partir de suas vivências, trocam experiências com colegas e monitores e aprimoram as técnicas utilizadas na propriedade.
As terras da família foram herdadas do avô de Rafael, Júlio, e as primeiras vaquinhas foram adquiridas em 2004. Três anos mais tarde, depois de ter se formado em técnico agrícola e realizar estágio em Mato Grosso do Sul, Rafael retornou a Protásio Alves e apostou na produção de leite. Adquiriu animais, investiu na infraestrutura e na genética das vacas. “Tudo era muito precário. Utilizamos um galpão antigo para iniciar a atividade, nem carro tínhamos. Mesmo assim, persistimos na tarefa”, relata Rafael.
O aumento na produção de leite e a profissionalização da atividade começaram a acontecer em 2013, com a aquisição de mais vacas das raças jersey e holandesa e novos investimentos na produção.
Há dois anos, a família construiu um grande galpão, foi melhorando as instalações, com implantação de sistemas compost barn, de aspersão e ventilação, propiciando o bem-estar aos animais. Para melhorar a infraestrutura da propriedade, também foi implantado sistema de energia solar.
Com isso, a renda aumentou e a família Stella já pensa em dobrar a produção de leite com investimentos em tecnologia. A possibilidade de adquirir ordenha robotizada, por exemplo, deixou de ser um sonho e passou a fazer parte dos planos da família.
“Percebemos que investir na qualidade do produto, significa mais produção e rendimentos. E, com menos trabalho braçal, melhoramos nossa qualidade de vida”, justifica Rafael.
“A Escola nos ensina muito”
Para profissionalizar é necessário conhecimento. Aos poucos, o sonho de Dioni de ser caminhoneiro vai sendo substituído pelo de ser um produtor de leite. Para isso, frequenta a EFASERRA desde 2019. “A Escola nos ensina muito, aprendemos como melhorar a qualidade do produto, sobre as doenças dos animais e do solo onde é cultivado o pasto. Eu asseguro que o que aprendemos é fundamental para a atividade render e dar certo”, garante Dioni.
Os ensinamentos na Escola, aliados às vivências proporcionadas em visitas técnicas realizadas no projeto Juventudes e saberes – Alternância que constrói, aproximaram os conhecimentos teóricos à realidade do estudante. Ao conhecer a experiência da família Scherer, em Brochier, durante visita técnica, Dioni deu atenção ao processo de reaproveitamento dos dejetos de suínos para geração de biofertilizante utilizado na adubação da plantação de milho.
“É uma ideia viável para nossa propriedade”, observa o jovem, que já compartilhou com os familiares a sugestão de implantar esse recurso.
A irmã, Ione, ingressou na EFASERRA em 2020. “Meu sonho era ser professora, mas depois que comecei a estudar na EFA, já pensei na possibilidade de cursar Agronomia e ter minha própria empresa no campo”, diz.
Dioni e Ione entenderam que planejar e profissionalizar a atividade do campo são cruciais para que o processo de produção seja rentável. “Podemos, sim, ganhar nosso próprio dinheiro e viver no interior”, salientam os jovens.
Conteúdo produzido para publicação do projeto Juventudes e Saberes: Alternância que constrói, idealizado pela EFASERRA e viabilizado por meio do Termo de Colaboração FPE Nº 2564/2019, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR).
Família do estudante Gabriel Lorenzon
Carlos Barbosa
Inigualável queijo colonial
Uma das alternativas para a agricultura familiar transformar sua produção e agregar valor em sua matéria-prima é a agroindustrialização. Dentre essas opções está a produção de queijo, que para muitas famílias representa uma significativa contribuição econômica para sua sustentabilidade. O êxito de um empreendimento também depende do comprometimento e do conhecimento do produtor.
No interior de Carlos Barbosa funciona a agroindústria familiar Beija-Flor. Gabriel Lorenzon é um jovem de olhar cativante que já domina a técnica de produzir bons queijos. Na comunidade de Linha Vitória, ele e o pai, Sérgio, 58, comandam a agroindústria, que se tornou referência na região pela qualidade dos queijos colonial e coalho produzidos na propriedade da família. Tem gente de vários municípios que chega todos os dias em busca dos produtos.
“A procura é tanta que é preciso selecionar os clientes ou vender um pouco para cada um para atender a todos”, conta o jovem, que é estudante da EFASERRA.
Pai e filho começam cedo na lida e o trabalho é dividido. Enquanto Sérgio cuida da alimentação e da ordenha de 27 vacas, principalmente das raças holandesa e jersey, Gabriel comanda o processo de produção dos queijos.
O leite chega aos tanques via ordenha canalizada. A partir daí, Gabriel é responsável pelo processo, que envolve desde a recepção do leite, a pasteurização, colocação da dose certa do coalho, moldagem, maturação e a rotulagem. Ele também responde pelas vendas da produção da família. São 500 litros de leite e 70 quilos de queijos por dia. Toda a produção é própria e processada na propriedade. A queijaria dos Lorenzon foi legalizada em 2007.
Sérgio conta que, desde muito cedo, Gabriel já se interessava em saber e conhecer sobre a lida do campo comandada pelos pais. Acordava cedo para acompanhar as tarefas.
“Era apaixonado e se empolgava quando movimentávamos o trator”, lembra.
Além do aprendizado promovido pela Escola durante os três anos de estudos de Gabriel, pai e filho realizam cursos de qualificação e continuam se aperfeiçoando. Quando iniciaram o trabalho, por exemplo, um queijeiro experiente na área esteve na propriedade para ensinar o processo.
Os requisitos de boas práticas de fabricação dos queijos na agroindústria são temas de formação constante na família. Ao participar de cursos com parceiros da Escola, como o de “Boas práticas de fabricação”, no Centro de Pesquisa Celeste Gobatto, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), Gabriel aprimora os conhecimentos que vê na prática diária. A família está sempre em busca de inovação e já iniciou testes para produção de queijo gorgonzola, a ser elaborado na agroindústria familiar.
O manejo para alimentação das vacas leiteiras na propriedade também é foco de pesquisa do estudante. Como trabalho de conclusão do Curso do Ensino Médio e do Técnico em Agropecuária na Escola, o Projeto Profissional do Jovem (PPJ), Gabriel fez um estudo que analisa a possibilidade de incluir a silagem de sorgo como fonte fibrosa na alimentação dos animais.
Conteúdo produzido para publicação do projeto Juventudes e Saberes: Alternância que constrói, idealizado pela EFASERRA e viabilizado por meio do Termo de Colaboração FPE Nº 2564/2019, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR).
Estudantes Melquíades e Matheus De Bastiani
Nova Roma do Sul
Portas abertas ao turismo
Há uma relação bastante positiva entre agroindustrialização e turismo nas propriedades rurais. O desenvolvimento dessas iniciativas surge como oportunidade para a agricultura familiar, permitindo agregar valor aos produtos cultivados na propriedade e aumentando a renda dos agricultores.
Nova Roma do Sul é um aconchegante município com pouco mais de 3 mil habitantes, localizado na área central da Serra Gaúcha. É rodeado de vales, rios e cascatas, ideal para estar em harmonia com a natureza, apreciar os impressionantes cenários e saborear a deliciosa gastronomia italiana. Além da mata nativa, os parreirais ganham destaque em quase todas as propriedades rurais. Em meio a essas paisagens, vive a família De Bastiani. Não é apenas uma propriedade de produção familiar, é um local com portas abertas para o turismo, onde é possível vivenciar experiências únicas do modo de viver dos imigrantes italianos.
A arte de produzir sucos, vinhos e licores faz da propriedade uma referência de agroindústria familiar. Tudo por lá tem o olhar atento e cuidadoso dos proprietários, as famílias de Gilberto De Bastiani e de seu primo João Pedro De Bastiani, sócio da vinícola. Gilberto e a esposa Marta, são os pais dos gêmeos Melquíades e Matheus, estudantes da EFASERRA, que acompanham com atenção desde o plantio das parreiras de uvas orgânicas até a comercialização dos produtos, que já ultrapassam a fronteira gaúcha.
O processamento da uva na vinícola é feito pelas famílias dos primos João e Gilberto. A produção orgânica soma 20 mil litros de vinhos e sucos. Mas também são elaborados vinhos, sucos, espumantes e licores de forma convencional, com a matéria-prima adquirida em propriedades da região. O trabalho da família de Gilberto no local iniciou há mais de 15 anos, quando ele herdou parte das terras dos avós e adquiriu outra parte de parentes. Logo em seguida começou a transição para o cultivo de orgânicos e, em 2010, obteve a certificação de produção de uvas orgânicas. Há três anos, juntamente com o setor de bebidas, tornou o local uma atração turística.
“Atualmente, ingressamos em outro nível. Plantamos, produzimos, colhemos e vendemos aqui mesmo”, explica Gilberto. Atrações não faltam na propriedade. Aos visitantes, é oferecido passeio de carretão, conhecer a história da família e o processo de fabricação dos vinhos e sucos. Tudo isso com a cordialidade dos anfitriões. No alto de um morro, um mirante proporciona uma bela vista da mata nativa e do Rio da Prata, com a possibilidade de realização de um piquenique com degustação de vinhos, sucos e espumantes elaborados pela família.
Dispostos a aprender mais
Melquíades e Matheus são dois guris de sorriso contagiante, que têm vocação para o turismo rural. Ingressaram na EFASERRA em 2020, seguindo os passos do primo Érico, que também estudou na Escola. Os dois jovens são curiosos e dispostos a aprender sempre mais. Durante a realização do projeto Juventudes e saberes – Alternância que constrói, tiveram a oportunidade de aperfeiçoar o entendimento sobre criação apícola. Na visita técnica à família Dall’Agnol, em Nova Petrópolis, conheceram mais sobre implantação de colmeias de abelhas nativas sem ferrão, ideia já compartilhada com a família, visando a polinização das flores e a produção de mel na propriedade.
Além dos conteúdos assimilados na Escola para aplicar na produção e em turismo, a dupla tem muitos saberes para dividir com os colegas. “Queremos prosseguir com a atividade da família. Gostamos muito”, declaram, animados.
Os dois são envolvidos nas atividades turísticas na propriedade. Na recepção aos visitantes, é Melquíades quem conduz para uma viagem no tempo. No espaço reservado para as memórias da família, ele fala com orgulho sobre a história dos antepassados que vieram da Itália. Conta detalhes de como os bisavós chegaram no município e de cada utensílio utilizado para a sobrevivência daquela época.
“Foi a família De Bastiani quem construiu a igreja e fundou a comunidade Nossa Senhora da Salete, onde moramos”, narra, todo orgulhoso. Matheus é quem acompanha os turistas para o alto do mirante e atende no varejo, um ponto de vendas feito de uma pipa antiga, onde são comercializados vários itens produzidos na propriedade e na redondeza.
“Gosto de ver a empolgação das pessoas com as belezas da região. Também gosto de lidar com o caixa e saber que conseguimos viver fazendo a alegria das pessoas e vendendo produtos de qualidade”, revela Matheus. Marta comanda a cozinha do restaurante em dias de visitação. O almoço com o tradicional tortéi é único. Fica a vontade de voltar e querer mais.
Conteúdo produzido para publicação do projeto Juventudes e Saberes: Alternância que constrói, idealizado pela EFASERRA e viabilizado por meio do Termo de Colaboração FPE Nº 2564/2019, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR).